Desempenho esportivo e treinamento a longo prazo

Acreditamos pouco na ciência ou desconhecemos alguns de seus conceitos? Será que ainda acreditamos que na prática a teoria é outra? O que precisamos fazer para que o Brasil se torne uma potência olímpica?

Levando em consideração que precisamos de uma grande base de crianças e jovens na base da pirâmide, por que ainda não temos este quantitativo?

Acho que uma das maiores mentiras que inventaram é de que “Deus é brasileiro” e que o “Brasil é o País do Futebol”.

No meu ponto de vista, são duas afirmações que carregam um alto grau de justificativa para o “fazer de qualquer jeito” (como a falta de planejamento) e conformismo para aceitar as coisas como estão.

Me explico.

Se Deus é brasileiro, significa que somos mais abençoados e afortunados do que os outros. Ou seja, não precisa se esforçar muito. Você tem o dom!

Tem talento. Nasceu com ele. Se você não consegue é porque não tem talento para “a coisa”. O outro tem. Então, desista.

A mesma justificativa que a nobreza usava para conter os mais pobres (estou aqui porque Ele escolheu. Você precisa aceitar isso).

E quanto ao fato do “Brasil ser o país do futebol”, se assim o fosse, teríamos um esporte mais organizado, mais ético, com mais recursos e maior exploração de seus recursos (em todos os sentidos).

Apesar de termos “grandes” clubes (em dívidas) e jogadores no Brasil (?) devemos lembrar que eles são a minoria (proporcionalmente).

Mas o que isso tem a ver com o desempenho esportivo e treinamento a longo prazo?

Precisamos entender que este é um processo extremamente complexo devido a grande interação de variáveis que podem se inter-relacionar (KISS et al., 2004).

Deve ser controlado (na medida do possível) para que as coisas aconteçam mais ou menos de forma previsível (seguindo uma lógica racional/teórica). Ou seja, entendo que as oportunidades devem ser criadas. Sempre perderemos muitos atletas.

Afinal, não temos como controlar todas as variáveis.

Mas devemos fazer a engrenagem funcionar da melhor maneira possível (racionalmente) e contar como o acaso (é verdade, ainda precisamos dessa peça na nossa engrenagem.

São variáveis que muitas vezes desconhecemos, mas que também influenciam o processo).

O problema é que hoje em dia só contamos com o acaso – com a sorte. Falta a razão, a ciência, o planejamento.

É lógico que os atletas treinam. Mas treinam para obter o desempenho máximo na próxima competição. Resolvem-se apenas os problemas de imediato.

Abaixo apresento uma pequena discussão sobre algumas destas peças da engrenagem envolvidas no processo do treinamento a longo prazo.

O gosto pelo movimento e a experiência motora

Já ouvimos falar que é de pequeno que se torce o pepino. E aqui a proposta não é diferente. É notório o prazer que as crianças tem pelo movimento (em seu sentido mais amplo).

A adequada participação em jogos e brincadeiras variadas (e não apenas em um esporte) permitem que a criança desenvolva sua coordenação global.

Se houve estímulo suficiente e adequado (pais, escola, sociedade, amigos) e valorização da experimentação (não de quem faz melhor ou chega em primeiro) as experiências serão prazerosas e ficarão marcadas como algo positivo.

Mas as experiências precisam ser positivas (e isso ultrapassa o limite do vencer ou perder).

A literatura indica que este é um ponto muito importante para a continuidade da prática esportiva, podendo contribuir tanto com a formação de futuros atletas ou com a promoção da saúde da população (RÉ, 2011) (para a grande parcela que não se tornou atleta, mas reconhece e valoriza o movimento/esporte, estimulando outras pessoas e as novas gerações.

Serão possivelmente pessoas que consomem o esporte – em seu sentido mais amplo).

Diferenças biológicas na infância

Aqui é importante apresentarmos alguns conceitos.

Resumidamente, o termo crescimento está relacionado a aspectos biológicos quantitativos (estatura e envergadura, por exemplo), a maturação a aspectos biológicos qualitativos (melhor funcionamento de um órgão ou sistema) e o desenvolvimento refere-se a uma interação destas duas características biológicas com o meio ambiente no qual o indivíduo vive (influência social, experiências) (RÉ, 2011).

Se só estes fatores fossem os responsáveis pelo desempenho esportivo já teríamos problema suficiente para resolver.

Ou seja, mesmo que dois indivíduos sejam biologicamente parecidos (crescimento e desenvolvimento), eles podem encarar uma situação (vencer ou perder uma competição) de maneira completamente diferente (sem falar na reação do treinador ou dos pais.

Mas ai complica demais – ou ainda mais). Pois bem… quantas vezes não vi atletas de natação chorando na arquibancada porque não obtiveram o tempo ou colocação esperados.

O esporte competitivo exige comparação entre as pessoas. Um “vence” e o outro “perde”.

Nessa situação hipotética, pegamos dois indivíduos biologicamente parecidos.

Mas sabemos que de fato, as crianças/jovens se diferem muito em termos de crescimento, maturação e desenvolvimento.

Lembra da análise combinatória? Nesse caso, quantos “tipos de atletas” não temos em nossas mãos?

E esta discussão traz a tona outro assunto que tem sido estudado: o efeito da idade relativa (ver vídeo indicado abaixo).

Muitos esportes utilizam como critério de categorização o ano de nascimento de um atleta.

Assim, por exemplo, um atleta que nasceu em 2003 disputaria suas provas de natação em 2015 na classe Petiz II. Entretanto, temos atletas que nasceram em janeiro de 2003 e outros em dezembro de 2003.

Ou seja, possivelmente encontraremos dois indivíduos concorrendo a medalha em uma mesma categoria em condições desiguais – quem nasceu em janeiro é praticamente 12 meses mais velho do que quem nasceu no final do ano.

Em alguns casos a diferença biológica pode ser ainda maior. E também não é raro vermos o desempenho de atletas “mais novos” sendo melhores do que o dos “mais velhos” (como um petiz I ganhar de um petiz II).

E isso é fato, inclusive para os atletas adultos. A ciência já mostrou (ver vídeo) que existem mais atletas adultos que nasceram no primeiro quadrimestre do que aqueles que nasceram no último quadrimestre do ano.

Mas o problema não é na idade adulta. Ele começa na infância e expressa-se no final do processo (discutiremos mais sobre isso em outro tópico).

Mas isso não significa que uma criança que nasce no primeiro quadrimestre deve sempre ganhar dos que nasceram no último. Lembre-se que o desempenho esportivo é multifatorial.

Então, neste momento, cabe aos treinadores, atletas e pais conhecerem essa realidade (diferenças biológicas na infância) para que os estímulos do treinamento sejam adequados (físico, técnico, tático, emocional e etc), que todos os atletas tenham as mesmas oportunidades (atenção do treinador, acesso a equipamentos e treinamento) e que realmente se projete o treinamento a longo prazo.

Uma matéria na revista Runner´s World (fev/2015) apresentou como resultado de um estudo com 133 jovens estudantes de música que aqueles que queriam tocar um instrumento pelo resto da vida se tornaram músicos 400% mais bem-sucedidos que aqueles que não enxergavam a si mesmos tocando por muito tempo.

Ou seja, a perspectiva do longo prazo é mais capaz de influenciar o sucesso que o tempo de prática.

Assim, se um atleta não alcança o resultado esperado em um campeonato brasileiro aos 13 anos deveria entender que este não é o fim da linha.

É apenas parte do processo.

Os resultados a curto e médio prazo são importantes (por vários motivos), mas não são garantia de sucesso na idade adulta.

Especialização precoce 

Creio que este seja um assunto bem discutido no meio esportivo. É sabido que a especialização pode trazer resultados positivos e negativos.

Como possivelmente os negativos – como o abandono esportivo, ainda sejam mais marcantes, a especialização precoce costuma não ser vista com bons olhos.

O que se recomenda é que nos estágios iniciais do desenvolvimento da criança ela seja submetida a estímulos/esportes diversificados.

Entretanto, um dos pontos que ainda se discute, é quando a criança deve deixar o esporte de participação para se especializar (BAKER, 2003).

E mais, como isso funcionaria entre as diferentes modalidades esportivas?

Acredito que a especialização precoce aconteça basicamente por três motivos: (a) ainda não sabemos o que oferecer de treinamento para as crianças (a maior parte dos estudos em esporte competitivos são feitos com adultos e atletas de elevado desempenho.

Valoriza-se muito o final do processo, mas pouca atenção é dada a formação. Esta acaba sendo nossa referência); (b) a especialização leva a uma melhora mais rápida do desempenho. Os movimentos esportivos não são gestos naturais.

As condições físicas gerais, neste caso, influenciam muito pouco. Foram socialmente construídos e requerem adaptações específicas.

As diferenças no desempenho se dão pelas adaptações específicas, não as gerais; e (c) os treinadores precisam de atletas de destaque para que eles também sejam valorizados.

Como exemplo cita-se o “bônus” salarial ao técnico pela colocação que seus atletas alcançam em uma competição.

Uma matéria em site especializado ou entrevista na TV.

Estes são motivos que levam a se pensar apenas no curto prazo.

Essas características, somadas ao pequeno quantitativo de atletas que temos a nossa disposição, podem levar treinadores a quererem, a qualquer custo, um resultado imediato.

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Uma das propostas defensoras da especialização precoce é a Regra dos 10 Anos de Prática Deliberada (ERICSSON et al., 1993; ERICSSON, 2006).

Segundo o autor, que primeiramente estudou sobre o processo de aprendizagem em áreas como a música e artes, os iniciantes tardios não teriam condições de alcançar o desempenho daqueles que começaram mais precocemente.

Estudos sobre esta temática mostraram que não existem diferenças significativas no desempenho de especialistas e não-especialistas quanto a critérios considerados de desempenho geral.

Por outro lado, nas manifestações específicas do desempenho, foram encontradas grandes diferenças.

Ou seja, os fatores que diferenciam os indivíduos de destaque dos outros, são fruto do treinamento/repetição (em aspectos quantitativos e qualitativos) e não de habilidades inatas.

Em outras palavras, os aspectos gerais do desempenho estão associados a genética, mas os específicos, ao treinamento.

Assim, Ericsson conclui que quanto mais cedo o indivíduo se especializar, maior será sua chance de ser excepcional no futuro.

Por outro lado, existem evidências que mostram que uma especialização precoce pode limitar o desenvolvimento de outras habilidades motoras. Certa limitação também poderia alcançar o lado social e psicológico, tendo como consequência o abandono esportivo (BAKER, 2003).

Quantos atletas não temos como exemplo?! Por esse motivo, há os defensores da diversificação dos estímulos durante o processo de formação.

Argumenta-se que a especialização precoce não é um pré-requisito para os desempenhos extraordinários na idade adulta.

BAKER (2003) cita o exemplo de um estudo na natação onde os autores encontraram que os atletas que se especializaram precocemente ficaram menos tempo na equipa nacional e terminaram suas carreiras esportivas antes daqueles com especialização tardia.

Os defensores da diversificação ainda argumentam que o atleta pode se beneficiar da transferência de aprendizagem (maior facilidade de aprender novos movimentos em virtude da experiência motora), de fatores cognitivos e tomada de decisão (nos esportes coletivos) e condicionamento físico (corrida para ciclismos, por exemplo).

Entretanto, haveria certa limitação na transferência do condicionamento físico dos exercícios realizados fora para dentro da água (BAKER, 2003). Eu, particularmente, não vejo isso como negativo.

Se o interesse maior fosse nas práticas aquáticas, jogos/atividades realizados fora da água poderiam ser utilizados inicialmente e serem reduzidos aos poucos ao longo do processo de formação.

Além disso, lembrar que existem vários esportes praticados na água (natação, polo aquático, saltos ornamentais, maratonas aquáticas, nado sincronizado – que num futuro próximo pode contar com a participação masculina, além de todos os conteúdos relativos a adaptação ao meio líquido) (CANOSSA et al., 2007).

Ou seja, não faltam conteúdos para serem ensinados.

Por outro nado, para finalizarmos este tópico, ainda são necessários mais estudos que discutam sobre este assunto.

Isso porque nos esportes onde o pico de desempenho ocorre mais cedo (talvez as modalidades de ginástica), a especialização passa a ser mais importante.

Oportunidades na formação esportiva

O contato entre atletas de diferentes experiências é muito importante.
O contato entre atletas de diferentes experiências é muito importante.

Imagine um atleta que teve oportunidade de representar seu estado, região ou o país ainda muito novo.

Ele foi selecionado entre um grande número de atletas devido o seu desempenho nos 100 m nado livre (uma prova onde o desempenho deveria ser pensado para após a puberdade (SILVA et al., 2006).

Em virtude deste bom desempenho, ganha seu uniforme (que utilizará nos treinamentos e competições – já causando impacto nos outros atletas: “veja lá, ele foi para o Chico Piscina.

Ele nadou o Multinations), viaja para outro estado/país, tem acesso (mesmo que por um curto espaço de tempo) a outros treinadores, a um biomecânico, conhece outros atletas, participa de competições mais importantes, consegue um patrocinador e etc.

Sabemos que o esporte competitivo é assim.

Mas como querer comparar a experiência esportiva de todos os outros nadadores que não foram selecionados com a deste nadador “especial”?.

Como discutido inicialmente, este possivelmente é um nadador que biologicamente (crescimento e maturação) é mais desenvolvido do que os outros. Possivelmente seus treinos são mais específicos e direcionados.

Ter estas oportunidades é importante para o nadador.

Não discordo que ela tenha que existir. Discordo do fato dos outros centenas de atletas serem esquecidos porque, neste momento, não tiveram o mesmo desempenho.

Não tiveram agora, mas poderiam ter no futuro, se experiências e oportunidades semelhantes fossem dadas a eles.

Ainda mais sabendo que o número de nadadores no nosso país não nos permite desperdícios, esta é uma realidade que deveria ser repensada.

Vejam o exemplo da ex-nadadora Mariana Brochado, em entrevista a Revista Swim Channel: “por volta dos 12 anos, pensei em parar de nadar. Meus pais e meu técnico me convenceram a continuar. Aos 13 anos, peguei minha primeira seleção absoluta para nadar a etapa da Copa do Mundo no Brasil”.

Perceberam quanta mudança em apenas um ano?

De quase ex-nadadora para selecionada para categoria absoluta com 13 anos!

Mas esse é um assunto da gestão do esporte. 

O apoio familiar é importante para a permanência no esporte.
O apoio familiar é importante para a permanência no esporte.
O técnico deve oferecer suporte aos jovens atletas.
O técnico deve oferecer suporte aos jovens atletas.

Gestão do esporte 

A gestão do esporte ainda é um assunto muito novo no Brasil.

Acredito que iniciativas mais fortes começaram a surgir na época dos Jogos Pan-Americanos e tiveram seu “boom” em decorrência da Copa do Mundo de Futebol e, é lógico, pela realização dos Jogos Olímpicos em 2016.

Assim, só mais recentemente temos visto as instituições de ensino ligadas a esta área oferecerem cursos e pós graduações ligadas a gestão do esporte (FVG, Trevisan, Ibmec, ESPN).

Apesar de esta ser uma variável “extra campo” influencia a maneira como o esporte se desenvolverá.

Hoje no Brasil, vemos diversas federações sem uma gestão profissional, com muitas dívidas e poucos recursos a sua disposição.

O esporte competitivo, em suas diversas instâncias, é um produto caro. Precisamos de especialistas que saibam pensar o esporte e vendê-lo. Precisamos de federações fortes, com recursos humanos que possam fazer o esporte (atletas, treinadores, patrocinadores) se desenvolverem com qualidade.

Não podemos ficar a espera do poder público para resolver nossos problemas.

Precisamos de mais credibilidade. Isso atrairá mais nadadores, treinadores e patrocinadores para a natação.

Relevância social do esporte

 As ações ou atividades humanas só são realizadas a partir do momento que elas se tornam conhecidas.

Se levarmos essa lógica para o esporte, não será diferente.

Como os esportes são socialmente construídos, é necessário que haja um processo de aprendizagem para que nos apropriemos das condições básicas de sua realização.

A importância que um país ou sociedade dá a um esporte pode ter uma grande influência no seu sucesso alcançado (BAKER et al., 2003).

Vejam esse exemplo do BAKER et al. (2003):

no Canadá o Hóquei no Gelo tem uma longa história e faz parte da identidade nacional. Sua transmissão na TV é massiva. Há um grande número de heróis atuais e do passado. As condições climáticas locais permitem a existência de vários campos ao ar livre. O poder público investe na construção de várias arenas no país. Vários clubes permitem o acesso a prática das crianças e há uma continuidade na adolescência e idade adulta. Há 3,5 mais crianças jogando Hóquei no Gelo no Canadá do que em outros países com certa tradição no esporte (como a Rússia). Creditar o sucesso a modalidade devido a fatores genéticos não encontra suporte na literatura – a influência social (e de diversos outros fatores) é muito grande” (BAKER et al., 2003; TUCKER; COLLINS, 2012)

Assim, se constantemente formos bombardeados com informações relativas a natação ao ligarmos a TV, abrirmos o jornal, uma revista ou virmos uma propaganda em outdoor (quem dera, mas as coisas já melhoraram) entenderemos que essa é uma coisa de valor.

Algo importante.

Vejam o que tem acontecido com as Águas Abertas aqui no Brasil! Luiz Lima destacou isso na Swim Channel de março (edição 21).

Se as conversas entre amigos, o desejo dos pais, as festas de criança, se houver atletas de destaque, espaços públicos e privados para a sua prática, entenderemos que essa é um coisa importante.

E essa é a importância social do esporte.

 Devido as condições climática do Brasil, teríamos condições de fazer muito melhor. Mas ainda somos uma nação mono-esportiva.

Alguns poderiam argumentar contra devido ao nosso tamanho territorial – realmente este é um problema.

Mas como é que outras nações conseguem?! Tenho certeza que existem diversas propostas dos especialistas.

Atrelado ainda a importância social do esporte, podemos pensar no processo de formação dos professores de educação física.

A maioria deles chega ao ensino superior com pouca experiência de movimento (problemas na educação física escolar e incentivo dos pais) e muito pior acontece com os esportes (que requerem maior tempo de prática).

Assim, o tempo dedicado a sua formação não é, por vezes, adequado para que ele venha a conhecer o suficiente sobre o esporte que ele trabalhará no futuro. Isso pensando nos esportes tradicionais (esportes de quadra, futebol, natação e atletismo).

Agora imaginem as modalidades de ginástica, polo aquático, nado sincronizado, saltos ornamentais, boxe, judô, badminton, levantamento de peso e tantos outros esportes olímpicos).

Aqueles que conseguem obter melhor conhecimento sobre os esportes competitivos enfrentam outro desafio: má remuneração. Isso obriga o professor/técnico a trabalhar em diversos lugares.

Em consequência disso, a falta de tempo pode levar a uma dificuldade de realizar suas tarefas com qualidade e a continuar seu processo de formação – tão importante em qualquer área de conhecimento.

Finalizando meu longo texto, cito uma parte do incrível livro de LEVITT e DUBNER (2012).

Os incentivos são meios para estimular as pessoas a fazer mais coisas boas e menos coisas ruins.

Existem três tipos básicos de incentivos: econômico (dinheiro), social (como o indivíduo é visto pelos outros) e moral (certo ou errado).

Os autores citam que é comum um mesmo incentivo incluir estas três variedades. Apesar deles não citarem, o esporte é um exemplo disso.

Bons atletas alcançam um retorno econômico, são bem vistos pela sociedade e considerados “super-heróis” por fazerem o que é certo (por isso são tão importantes no marketing).

E essa realidade é importante para os mais novos. Afinal, somos movidos a incentivos.

Finalmente, acho que conhecem a frase “todos são inocentes até que se prove o contrário”. Pois é.

Em uma palestra para nadadores e pais no Botafogo (RJ) fiz uma adaptação que sempre levo comigo: “todos serão atletas olímpicos até que se prove o contrário”.

Com essa ideia em mente, entenderemos que o planejamento deve ser a longo prazo, todos devem ter a mesma atenção e condições de treinamento.

O restante não compete a nós.

Um ambiente que traga integração entre os nadadores, a participação dos nadadores mais experientes, de estudantes e profissionais pode favorecer a maior valorização social do esporte.
Um ambiente que traga integração entre os nadadores, a participação dos nadadores mais experientes, o apoio de estudantes e profissionais pode favorecer a valorização social do esporte.

Grande abraço

Prof. Guilherme Tucher

Esse artigo foi publicado originalmente em 8 de março de 2015. Devido a sua relevância foi atualizado em 16 de setembro de 2020

Sugestões de leitura.

  1. BAKER, J. Early specialization in youth sport: a requirement for adult expertise? High Ability Studies, Abingdon, v. 14, n. 1, p. 85-94,  2003.
  2. BAKER, J.; HORTON, S.; ROBERTSON-WILSON, J.; WALL, M. Nurturing sport expertise: factors influencing the development of elite athlete. Journal of Sports Science and Medicine, Victoria, v. 2, n. 1, p. 1-9,  2003.
  3. BELTRAMI, Fernando. Como se faz um campeão olímpico? Edição 228, Setembro 2012. Disponível em http://revistacontrarelogio.com.br/materia/como-se-faz-um-campeao-olimpico/
  4. CANOSSA, S.; FERNANDES, R. J.; CARMO, C.; ANDRADE, A.; SOARES, S. M. Ensino multidisciplinar em natação: reflexão metodológica e proposta de lista de verificação. Motricidade, Ribeira de Pena, v. 3, n. 4, p. 82-99,  2007.
  5. Data de nascimento e desempenho. Disponível em: http://globosatplay.globo.com/sportv/v/1666804/
  6. ERICSSON, K. A. The influence of experience and deliberate practice on the development of superior expert performance. The Cambridge handbook of expertise and expert performance, p. 683-703,  2006.
  7. ERICSSON, K. A.; KRAMPE, R. T.; TESCH-RÖMER, C. The role of deliberate practice in the acquisition of expert performance. Psychological review, v. 100, n. 3, p. 363,  1993.
  8. KISS, M.; BÖHME, M. T. S.; MANSOLDO, A. C.; DEGAKI, E.; REGAZZINI, M. Desempenho e talento esportivos. Revista Paulista de Educação Física, v. 18, p. 89-100,  2004.
  9. LEVITT, S. D.; DUBNER, S. J. Freakonomics: o lado oculto e inesperado de tudo que nos afeta. Super Freakonomics: o lado oculto do dia a dia.   Campus, 2012.
  10. Quadro de Medalhas Olimpíadas 2008. Disponível em http://olimpiadas.uol.com.br/2008/quadro-de-medalhas/
  11. Quadro de Medalhas Olimpíadas 2012. Disponível em http://olimpiadas.uol.com.br/quadro-de-medalhas/
  12. RÉ, A. H. N. Crescimento, maturação e desenvolvimento na infância e adolescência: Implicações para o esporte. Motricidade, v. 7, n. 3, p. 55-67,  2011.
  13. Runner´s World. Fevereiro, 2015.
  14. SILVA, A. J.; REIS, V.; GUDETTI, L.; SIMÕES, P.; CARNEIRO, A.; RAPOSO, J. V.; BALDARI, C. Análise da evolução da carreira desportiva de nadadores do sexo masculino utilizando a modelação matemática. Revista Treinamento Desportivo, v. 7, n. 1, p. 50-57,  2006.
  15. Swim Channel. Edição 21, ano 05.
  16. TUCKER, R.; COLLINS, M. What makes champions? A review of the relative contribution of genes and training to sporting success. British Journal of Sports Medicine, v. 46, n. 8, p. 555-561,  2012.

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