Artigo Publicado – Teste Funcional de Desempenho da Agilidade

Teste realizado no Botafogo

Teste realizado no Botafogo

O Teste Funcional de Desempenho da Agilidade foi elaborado com o objetivo de avaliar a agilidade e a capacidade de tomada de decisão de jogadores de polo aquático. Ele buscou atender as exigências mais atuais de avaliação nos esportes coletivos, onde prega-se a importância da tomada de decisão, percepção e atenção – como acontecem jogos reais.

Os testes existentes na literatura preocupam-se basicamente em avaliar a condição física e fisiológica dos jogadores de polo aquático. Um dos motivos para isso deve-se a grande exigência física que a modalidade apresenta. Inicialmente os protocolos avaliavam os jogadores fora da água – como exemplo citam-se alguns testes de força. Posteriormente, preocupados com a especificidade da modalidade, foram propostos testes no ambiente aquático – como os aeróbios e anaeróbios de nado horizontal, salto vertical na água, precisão do passe, distância de lançamento da bola e velocidade de arremesso a gol. Entretanto, estes testes são considerados como “fechados”. Ou seja, não avaliam o atleta em uma condição inesperada, considerada “aberta”, como as que ocorrem em uma partida.

Como exemplo cita-se um teste cujo objetivo é avaliar a velocidade/agilidade de jogadores de polo aquático. Nesse teste o atleta deve nadar um percurso de 10 m (ida e volta). Neste teste é avaliada somente a capacidade do atleta nadar um percurso de 20 m com mudança de direção. Não é exigida qualquer condição específica de jogo (como avaliar a posição de um jogador de sua equipe ou adversária, ou mesmo realizar um passe ou arremesso a gol). Assim, possivelmente, um bom nadador pode ter melhor desempenho do que um jogador de polo aquático. Concordam?

Assim, percebe-se que apesar destes testes avaliarem a habilidade do atleta na água – com o argumento de se tornarem específicos, ainda pecam no sentido de não avaliar uma condição real de jogo.

Um estudo feito com jogadores de futebol pode ser um bom exemplo. Os autores perceberam que os testes de agilidade “fechados” não conseguiram diferenciar atletas de diferentes níveis de desempenho. Mas os testes “abertos” – onde o atleta deveria tomar uma decisão de movimento a partir da observação de outro jogador, foram capazes de diferenciá-los. Jogadores de melhor desempenho conseguem avaliar melhor o ambiente e assim emitir uma resposta mais rápida e precisa.

E essa é a proposta do Teste Funcional de Desempenho da Agilidade: avaliar a movimentação dos jogadores de polo aquático a partir da necessidade de tomada de decisão. Como é uma proposta nova, o protocolo está sendo avaliado quando a sua reprodutibilidade, validade e sensibilidade. Publicamos um estudo piloto que comprova sua reprodutibilidade. Ele pode ser obtido clicando aqui.

Agradeço a contribuição dos técnicos e atletas do Botafogo, Flamengo e Fluminense pela participação, enquanto representantes de seus clubes ou da Seleção.

Acredito que essa, e outras iniciativas, permitirão para que dentro de alguns anos tenhamos informações suficientes que permitam contribuir de maneira mais decisiva no processo de formação e treinamento dos atletas brasileiros.

 

Sugestões de leitura.

1. Baker J, Côté J, Abernethy B. Learning from the experts: Practice activities of expert decision makers in sport. Research Quarterly for Exercise and Sport. 2003;74(3):342-7.

2. Falk B, Lidor R, Lander Y, Lang B. Talent identification and early development of elite water-polo players: a 2-year follow-up study. Journal of sports sciences. 2004;22(4):347-55.

3. Platanou T. Simple “in-water” vertical jump testing in water polo. Kinesiology. 2006;38(1):57-62.

4. Rechichi C, Dawson B, Lawrence SR. A multistage shuttle swim test to assess aerobic fitness in competitive water polo players. Journal of Science and Medicine in Sport. 2000;3(1):55-64.

5. Sheppard JM, Young W. Agility literature review: classifications, training and testing. Journal of Sports Sciences. 2006;24(9):919-32.

6. Tucher G, Castro FAS, Garrido N, Silva AJ. The reliability of a functional agility test for water polo. Journal of Human Kinetics 2014;41:129-37.

7. Young WB, Willey B. Analysis of a reactive agility field test. Journal of Science and Medicine in Sport. 2010;13(3):376-8.

 

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